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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

É assim que começa... Assassinato no expresso oriente


 Vi esta coluna no blog Irreparável da Carol Teles, gostei e resolvi compartilhar também com vocês.

É assim que começa... é uma coluna onde apresento os primeiros parágrafos dos livros que leio. As vezes o livro nos ganha pela capa, mas as vezes ele nos ganha pela primeira vez que ouvimos dele. As páginas falam... Abra os olhos e escute-as! 




Eram cinco horas de uma manhã de inverno na Síria. Ao longo da plataforma de
Aleppo, estacionava o trem pomposamente anunciado nos guias turísticos como o
Taurus Express: carro-restaurante, carro-dormitório, dois vagões com poltronas para
passageiros.

À subida para o carro-dormitório, um jovem tenente francês, elegantemente
fardado, conversava com um homenzinho, agasalhado até as orelhas, o que lhe deixava
ver só o nariz vermelho e as pontas do bigode curvo, voltado para cima.

Fazia um frio glacial e a obrigação de conversar com um estrangeiro distinto não
era de certo invejável. Contudo, o tenente Dubosc cumpria-a resolutamente, com frases
amáveis, no mais puro francês. Não porque ele soubesse o que houvera. Corriam boatos,
como sempre sucede em tais casos. O general - o seu general - dia a dia se tornara mais
irritado. Aparecera então esse belga, vindo diretamente da Inglaterra, ao que parecia.
Decorrera uma semana de estranha tensão. Depois, tinham sucedido coisas singulares.
Suicidara-se um distinto oficial, outro se demitira. Certas fisionomias ansiosas tinham
serenado, certas precauções militares haviam sido abandonadas. E o general - general do
tenente Dubosc – de repente pareceu ter rejuvenescido dez anos.

Dubosc recordou parte da conversa que ouvira entre o general e o estrangeiro:

- Salvou-nos, mon cher - dissera o general comovido, com o bigode branco
tremendo. - Salvou a honra do exército francês e impediu que se derramasse muito
sangue! Como posso demonstrar-lhe a minha gratidão por ter atendido ao meu
chamado? Veio de tão longe...

O estrangeiro, o Monsieur Hercule Poirot, respondera amavelmente, dizendo,
entre outras coisas, a frase seguinte: - Mas o senhor não se lembra de que uma vez já me
salvou a vida?

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